A morte é uma experiência que diz respeito a todas as famílias, sem excepção alguma. Faz parte da vida; e no entanto, quando atinge os afectos familiares, a morte nunca consegue parecer-nos natural. Perante a morte, permanecemos como que paralisados, emudecidos, sem palavras. Ela surge-nos como um buraco negro que se abre na vida das famílias e ao qual não sabemos dar explicação alguma. Mas a morte física possui «cúmplices» que são até piores do que ela, e que se chamam ódio, inveja, soberba, avareza; em síntese, o pecado do mundo que trabalha para a morte, tornando-a ainda mais dolorosa e injusta. Os afectos familiares parecem as vítimas predestinadas destes poderes auxiliares da morte, que acompanham a história do homem. Pensemos na absurda «normalidade» com que, em certos momentos e lugares, os acontecimentos que acrescentam horror à morte são provocados pelo ódio e pela indiferença de outros seres humanos. O Senhor nos livre de nos habituarmos a isto! No povo de Deus, com a graça da sua compaixão conferida em Jesus, muitas famílias demonstram concretamente que a morte não tem a última palavra: trata-se de um verdadeiro acto de fé. Todas as vezes que a família em luto — até terrível — encontra a força de conservar a fé e o amor que nos unem a quantos amamos, ela impede desde já que a morte arrebate tudo. A escuridão da morte deve ser enfrentada com um esforço de amor mais intenso. À luz da Ressurreição do Senhor, que não abandona nenhum daqueles que o Pai lhe confiou, nós podemos privar a morte do seu «aguilhão», como dizia o apóstolo Paulo (1 Cor 15, 55); podemos impedir que ela envenene a nossa vida, que torne vãos os nossos afectos, que nos leve a cair no vazio mais obscuro. Nesta fé, podemos consolar-nos uns aos outros, conscientes de que o Senhor venceu a morte de uma vez para sempre. Os nossos entes queridos não desapareceram nas trevas do nada: a esperança assegura-nos que eles estão nas mãos bondosas e vigorosas de Deus. O amor é mais forte do que a morte. Por isso, o caminho consiste em fazer aumentar o amor, em torná-lo mais sólido, e o amor conservar-nos-á até ao dia em que todas as lágrimas se enxugarão, quando «já não houver morte, nem luto, nem grito, nem dor» (Ap 21, 4). Se nos deixarmos amparar por esta fé, a experiência do luto poderá gerar uma solidariedade de vínculos familiares mais forte, uma renovada abertura ao sofrimento das outras famílias, uma nova fraternidade com as famílias que nascem e renascem na esperança. Nascer e renascer na esperança, é isto que nos oferece a fé. Depois que Jesus restituiu à vida aquele jovem, filho da mãe que era viúva, o Evangelho reza: «Jesus entregou-o à sua mãe». Esta é a nossa esperança! O Senhor restituir-nos-á todos os nossos entes queridos que já partiram, e encontrar-nos-emos todos juntos. Esta esperança não desilude! Recordemos bem este gesto de Jesus: «Jesus entregou-o à sua mãe»! Assim fará o Senhor com todos os nossos amados familiares! A morte foi vencida pela cruz de Jesus. Jesus restituir-nos-á todos à família!
Neste momento queremos pedir por todos os irmãos e irmãs cujos restos mortais aqui repousam. Mas lembramos também as suas famílias que sofreram na hora da sua partida e continuam a sofrer a dor dessa partida, agravada pela saudade dos seus entes queridos. Confortai-os, Sagrada Família de Nazaré na sua dor e saudade. Alimentai em todos nós a esperança do reencontro quando também nós partirmos. Ajudai-nos a viver cada dia da nossa vida no amor ao Vosso Filho, pois Jesus é o único Caminho que nos conduz à grande festa do Céu onde se encontram os vossos filhos que neste momento vos recomendamos.
Ao Senhor da Vida pedimos o descanso eterno para todos os que já partiram ( Pai-Nosso… Avé-Maria… Glória ao Pai…)
Que descansem em paz...