A Câmara de Castanheira de Pera está a trabalhar a candidatura do tradicional barrete de lã, produzido no concelho, como património imaterial. Paralelamente, pretende também criar o Museu do Barrete.
Situa-se na Castanheira de Pera o único atelier de produção de barretes tradicionais em lã de Portugal, facto que levou a autarquia presidida por António Henriques a querer destacar este pormenor, tornando o popular adereço numa das imagens de marca do concelho.
O objetivo é que o barrete de lã seja incluído no inventário nacional de património imaterial, processo que será demorado mas que está entre as iniciativas consideradas importantes na estratégia municipal castanheirense. Como suporte à candidatura, que está a ser preparada, o Município pretende aproveitar uma antiga fábrica na aldeia de Sarnadas, para aí instalar o Museu do Barrete.
António Henriques referiu que o objetivo é “criar um espaço que preserve a memória” do passado recente do concelho e assim criar “mais um produto turístico para oferecer aos visitantes”.
Refira-se que nas cerimónias solenes da autarquia, sempre que uma personalidade reconhecida visita o concelho, é convidada a “enfiar o barrete”.
JOTAV É PIONEIRA E RESISTE
A única fábrica de barretes tradicionais ainda em laboração chama-se JOTAV e é propriedade de José Augusto Tavares. A atividade principal da empresa é a confeção de peúgas e de artigos têxteis tradicionais, onde se inclui o propalado barrete, fabricado em três cores: preto, verde e vermelho. Entre os clientes mais assíduos desta adereço estão os ranchos folclóricos e de grupos de forcados.
Em termos históricos, o barrete preto era usado pelas pessoas que trabalhavam no campo e pelos pescadores de toda a beira litoral. Além de servir de agasalho, servia também de algibeira para guardar o tabaco, fósforos e dinheiro, mantendo-os assim no fundo do seu forro sem apanhar humidade, justificando desta forma o seu comprimento. O barrete verde tinha a mesma finalidade, embora só era e ainda é usado pelos campinos e forcados do Ribatejo.