Uma falha administrativa, atribuída ao Comando e à Direção, fez com que 38 bombeiros voluntários da corporação castanheirense tenham passado ao Quadro de Reserva, não podendo prestar socorro em virtude da inexistência de seguro. Esta situação indignou os voluntários e deixou a corporação reduzida a apenas 10 elementos, os que possuem vínculo de trabalho a tempo inteiro, levando a que a autarquia se desdobrasse em reuniões para assegurar o socorro, através das corporações vizinhas de Pedrógão Grande e Figueiró dos Vinhos.
Aquela Associação Humanitária não inscreveu em tempo útil, na plataforma da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, as horas de serviço operacional em 2021, o que deixou os voluntários fora da cobertura do seguro.
Uma situação anormal, cuja responsabilidade é assacada ao Comando e Direção pelo Comandante Distrital de Operações e Socorro de Leiria, Carlos Guerra. “A única responsabilidade pela situação é do comando e da direção, que não cumpriram a sua obrigação, apesar de terem sido avisados para tal mais do que uma vez”, referiu em declarações à imprensa.
Esta situação deixou os bombeiros à beira de um ataque de nervos, quer por estarem impossibilitados de prestar socorro, quer pelas regalias de que foram privados. Os bombeiros marcaram mesmo uma concentração de protesto junto ao quartel e marcaram posição, anunciando que só equacionam voltar ao serviço se o atual Comando e Direção se demitirem.
Contactado pelo nosso jornal, o presidente da Câmara de Castanheira de Pera escusou-se a fazer comentários sobre o sucedido, dizendo ser do foro interno na Associação. Todavia, e porque é o responsável máximo pela proteção civil municipal, António Henriques, tomou uma série de iniciativas para acautelar o socorro no concelho, algo que está a ser garantido pelas corporações vizinhas. Espera o autarca que “o bom senso prevaleça” e a situação “possa ser ultrapassada com a máxima urgência”.
Entretanto, a Direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Castanheira de Pera emitiu um comunicado no seu site de internet, assinado pelo presidente Baltazar Lopes, em que “lamenta as consequências da falha operacional/administrativa” que considera “não devia ter acontecido”, anunciando que “foram tomadas as medidas internas corretivas para que tal não volte a ocorrer”.
Informa também no comunicado que “a situação dos soldados da paz está a ser reposta”, devendo os bombeiros regressar ao Quadro Ativo “a qualquer momento”.
Garante igualmente que “continuará de cabeça erguida a trabalhar com a mesma dedicação até final do mandato”, que termina em dezembro deste ano.
Já o Comandante José Domingues ainda não prestou declarações publicamente. Sabe o nosso jornal que terá de deixar o cargo por imposição de limite de idade ainda este ano, restando saber se vai aproveitar este momento para antecipar a passagem de testemunho ou se, por outro lado, vai cumprir funções até final.
Os próximos dias prometem ser reveladores do desenlace deste imbróglio, residindo curiosidade sobre a posição dos bombeiros, que haviam exigido a saída dos responsáveis como contrapartida para o seu regresso.