A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Figueiró dos Vinhos (AHBVFV) esteve em festa no passado dia 22 de maio, com a celebração do seu 87.º aniversário. Um dia de alegria, onde a associação aniversariante, ao invés de receber prendas, foi ela própria a conceder diversas distinções a personalidades que a têm apoiado.
Por proposta da direção da AHBVFV, a Liga de Bombeiros atribuiu o Crachá de Ouro ao bombeiro figueiroense Domingos Luís, aos beneméritos Aquiles Morgado e Jorge Lopes e ao presidente da Câmara Municipal de Figueiró dos Vinhos, Jorge Abreu.
Também foram galardoados com medalhas de dedicação por 5, 10, 15, 20 e 25 anos diversos bombeiros, bem como o ex- comandante Paulo Renato Nogueira, que recebeu a medalha de dedicação e altruísmo por 30 anos de serviço.
CUSTOS COM TRANSPORTES ESTÃO A “ASFIXIAR” ASSOCIAÇÃO
Numa sessão solene onde marcaram presença diversas individualidades ligadas ao sector da Proteção Civil e Socorro, não poderiam deixar de ser lembrados alguns dos problemas que afetam o setor dos bombeiros voluntários.
Pela voz do presidente da Direção, José Carlos Quintas, veio a confirmação de que “desde o início do ano de 2020 que se têm vindo a agudizar as dificuldades”, aludindo ao aumento acentuado na despesa, com a aquisição de equipamentos de proteção individual e matérias de desinfeção no combate ao Covid19 a ser um dos exemplos.
“Foram anos que nos obrigaram à diminuição da nossa atividade, com a consequente diminuição de receita”, queixou-se o dirigente.
E, como uma desgraça nunca vem só, o aumento brutal dos combustíveis veio piorar a situação. O dirigente disse que o transporte de doentes não urgentes “está a levar ao asfixiamento financeiro das associações”, referindo que “o preço que o Ministério da Saúde paga ao quilómetro, pelo transporte de doentes não urgente na presente data, é o mesmo que pagava há 10 anos – 51 cêntimos”.
“Face a todas estas incongruências de alguns setores do Estado Central, tem sido o poder local, o Município e Juntas de Freguesia, as populações, os beneméritos e benfeitores a vir em socorro dos Bombeiros”, salientou o presidente dos bombeiros figueiroenses, justificando nessas ações a concessão dos crachás.
Comandante Jorge Martins solidário com Augusto Arnaut
Momento também de grande significado foi o discurso do Comandante dos bombeiros figueiroenses. Jorge Martins começou por se mostrar solidário para com o seu colega Augusto Arnaut, comandante pedroguense que está a ser acusado no julgamento por responsabilidades relativamente ao grande incêndio de 2017.
Jorge Martins diz que “todos os dias ouvimos nas notícias que existem políticos corruptos, banqueiros que desviam milhões, assassinos que ficam em liberdade”, achando estranho que agora, “alguém que nada percebe de Bombeiros (…) que nunca arriscou a sua vida para salvar alguém, venha pedir a prisão deste homem”. Um homem que, segundo o comandante figueiroense “tudo fez durante uma vida inteira para preservar a vida a humana e bens da sua população, dedicando mais tempo a esta causa do que à sua própria família”.
Martins reforçou a sua solidariedade e disse esperar que Arnaut “no fim saia vencedor de mais uma batalha como tantas outras que já enfrentou na sua vida”, apelando a todos os bombeiros para “se unirem e dizerem basta”. “Chega de sermos tratados como mais um, chega de dizerem que os Bombeiros são uns coitadinhos que fazem o que podem. Nós Bombeiros merecemos respeito, merecemos ter quem nos defenda e lute por todos nós, e tenho esperança que esta nova LBP consiga tudo isso”, reforçou.
O comandante agradeceu a todos quantos têm ajudado os bombeiros, reconheceu o trabalho dos seus homens e mulheres e garantiu que “mesmo com todas as dificuldades que sentimos no dia-a-dia, os Bombeiros de Figueiró dos Vinhos, nas alturas próprias, vão estar sempre presentes com dedicação e profissionalismo”.
A terminar, e depois de elogiar o apoio que a Câmara Municipal tem prestado ao seu Corpo de Bombeiros, o comandante pediu a Jorge Abreu que crie um monumento alusivo aos Bombeiros no Concelho, num sítio condigno, para que “todos os anos sejam homenageados” bombeiros e dirigentes.
