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Maior incêndio de que há memória em Ansião demorou mais de uma semana a ser extinto

Marco Marques, 29 julho 2022

3 min · 172

Maior incêndio de que há memória em Ansião demorou mais de uma semana a ser extinto
Deflagrou no dia 8 de julho na zona do Vale da Pia, sensivelmente onde o rio Nabão separa os concelhos de Pombal e Ansião, o incêndio de maiores proporções de que há memória no concelho ansianense.
Ao longo de quase uma semana, as chamas propagaram-se nas freguesias de Pousaflores, Ansião e Santiago da Guarda, dizimando a floresta e pondo seriamente em risco muitas habitações. Graças ao esforço hercúleo dos bombeiros e da população, nenhuma casa de primeira habitação ardeu.
Foram dias (e noites) de pânico, vividos pela população do sul e oeste do concelho, designadamente as freguesias de Pousaflores, Ansião e Santiago da Guarda. A força das chamas foi de tal ordem que se temeu uma catástrofe ainda maior. Às elevadas temperaturas e ao fenómeno pouco normal do vento mudar constantemente de direção, somou-se uma floresta descuidada, desordenada e com grande carga térmica.
Nos primeiros dias, uma frente levou o fogo até à freguesia de Pousaflores, onde lugares como Albarrol, Pessegueiro, Martim Vaqueiro, Bairrada e Gramatinha estiveram em perigo, com as chamas a serem dominadas quando já iam a entrar na Serra da Portela. Na Bairrada ardeu mesmo a antiga Escola Primária, que servia de sede à Associação Acubai.
Depois, o inferno veio para noroeste e passou às portas de Ansião, junto aos Escampados. O fumo e as chamas eram de tal ordem que assustavam mesmo ao longe. Com os bombeiros extenuados e a terem de acorrer a reacendimentos em vários locais em simultâneo, eram os populares a auxiliar com os seus próprios meios na defesa dos seus bens e nos dos seus familiares e vizinhos, enquanto a Proteção Civil Municipal reclamava reforço de meios, que tardavam a chegar, até porque nos concelhos vizinhos de Alvaiázere e Pombal o cenário era idêntico ou ainda pior.
No dia 12, e após um dia anormalmente mais fresco onde a situação parecia mais calma, aconteceram quatro reacendimentos de grandes proporções e as chamas voltaram a assustar. Vale Perneto, Zambujais, Mogadouro, Marquinho e Nogueiros estiveram em perigo e viram o fogo atravessar o IC8, continuando assustador na Boavista, S. Vicente, Tarouca, Alqueidão, Soucide e Louriceiras, sendo finalmente travado junto à Pia Furada. Para além da floresta, de explorações agrícolas e vários anexos e casas velhas, foi consumido pelo fogo um estaleiro de uma empresa de construção civil, no Mogadouro.
Durante o combate ao fogo, foram muitas as pessoas que tiveram de ser evacuadas de diversas aldeias.

Autarquia faz
levantamento dos danos
À hora do fecho da nossa edição, ainda não era conhecido o relatório dos estragos ao pormenor, estando a autarquia a fazer o levantamento dos prejuízos.
“Temos uma equipa multidisciplinar que está a fazer o levantamento dos danos. Não temos registo, até ao momento, da perda de casas de primeira habitação. Arderam anexos, casas devolutas, olivais, pinhais, entre outros terrenos agrícolas, além de haver registo da morte de animais”, informou o chefe de gabinete da autarquia, Pedro Pereira.
Segundo dados provisórios fornecidos pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, foi contabilizada uma área ardida de 2.613 hectares, referiu Pedro Pereira, que sublinhou que este é “um trabalho de continuidade” e que “tem de ser tratado com muito critério e de forma exaustiva”.
“É preciso apurar bem que explorações agrícolas foram atingidas, incluindo animais e zonas florestais, e avaliar se há seguros”, acrescentou.
Além de uma ‘task force’ que integra psicólogos, assistentes sociais e outros técnicos municipais, o Município de Ansião criou ainda uma linha de apoio para que os cidadãos possam ligar e “ser encaminhados para o departamento correto”.
“É importante termos um primeiro contacto com as pessoas e dar-lhes todo o apoio, nesta fase em que estão fragilizadas, mas é necessário avaliar muito bem as infraestruturas”, salientou o chefe de gabinete.
Pedro Pereira informou também que a autarquia aguarda pelos fundos que poderão chegar do Governo para “ajudar a minimizar os prejuízos”.
A autarquia tem estabelecido vários contactos e, em conjunto com a Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria e com a associação Terras de Sicó, está a desenvolver contactos para garantir mecanismos de apoio. “Estamos a fazer chegar a mensagem ao Governo Central para criar linhas de apoio para as pessoas que foram afetadas”, concluiu.
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