A inauguração de uma estátua em bronze, simbolizando o regresso de um bombeiro ao quartel, foi um dos momentos marcantes do 89.º aniversário da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Figueiró dos Vinhos (AHBVFV), celebrado a 19 de maio.
O monumento, situado junto à Biblioteca Municipal e em frente ao Quartel dos Bombeiros, foi realizado pela britânica Carolyn Morton, que reside na região há 12 anos e explicou que “fazer uma escultura é como contar uma história”, sendo que neste caso em especial “a história que dá vida à escultura torna-a mais do que apenas uma figura”. “A ideia era que a escultura mostrasse um Bombeiro a regressar de um trabalho bem feito”, conta Carolyn, que para entender como é que um bombeiro se sentiria depois de um trabalho desses, falou com o comandante Jorge Martins: “Ele disse-me: ‘Alívio. Sentimo-nos muito aliviados quando um trabalho corre bem.’ Isto deu-me a chave para o cerne do trabalho, é a inspiração para o seu rosto e para todo o seu comportamento: ele tira o capacete e as luvas, abre o zíper da jaqueta e olhando para o quartel, está a sentir-se muito aliviado”, explica a escultura.
Este trabalho foi custeado e oferecido pelo Município de Figueiró dos Vinhos à Associação. “Trata-se de um gesto simbólico mas de profundo reconhecimento, que pretende materializar e perpetuar o apoio e agradecimento, da nossa comunidade, a este tão nobre grupo de cidadãos”, afirmou Jorge Abreu, adiantando que é “um gesto que podemos dirigir a todos os bombeiros deste país, mas que dedicamos, especialmente, aos homens e mulheres que fazem e fizeram parte da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Figueiró dos Vinhos e que, sobre a premissa ‘Vida por Vida’, são, continuadamente, exemplos de abnegação, coragem, dedicação, competência e zelo”.
HOMENAGENS E REIVINDICAÇÕES
MARCAM SESSÃO SOLENE
A sessão solene do aniversário da AHBVFV foi pródiga em momentos de destaque. Para além das promoções a bombeiros, a direção prestou reconhecimento a várias empresas e cidadãos que têm ajudado a corporação. Neste particular, um dos beneméritos da associação, Aquiles Morgado, viu o seu nome ser atribuído à sala de reuniões do quartel.
José Carlos Quintas, presidente da direção da Associação Humanitária figueiroense, centrou o seu discurso em agradecimentos a todos os que têm ajudado os bombeiros: “passadas que estão quase nove décadas, é nosso dever manifestarmos gratidão aos que partiram, mas também aqueles que felizmente ainda estão entre nós, e que de uma forma desinteressada, mas com espírito
altruísta e solidário serviram e servem esta nobre causa dos Bombeiros”, referiu aludindo a bombeiros, diretores, beneméritos, associados e figueiroenses em geral.
Sobre a inauguração da estátua, o dirigente disse que “perpetua gerações” e que “serve de homenagem não só aos bombeiros do nosso concelho, mas também aos de Portugal e do Mundo”. “Com o erguer deste monumento, fica patente a gratidão que o Município, e porque não dizê-lo, também os figueiroenses, quiseram demonstrar aos nossos Soldados da Paz”, enalteceu, agradecendo o apoio do Município também nas medidas concretas de incentivo ao voluntariado, com a criação do regulamento de apoios sociais. O dirigente disse esperar “continuar a merecer o apoio e confiança da autarquia” tal como, em sentido inverso, a autarquia “sabe que poderá continuar a contar com a colaboração da Associação e o empenho e dedicação do seu Corpo de Bombeiros”.
Há 7 anos na presidência da Associação e há 22 nos corpos sociais, José Carlos Quintas traçou um balanço deste período, dizendo que “tivemos muitos progressos”, mas também que “alguns dos problemas existentes da altura, são ainda as grandes dificuldades de hoje”, referindo-se à lei de financiamento das Associações de Bombeiros, ao pagamento do preço justo pelos serviços efetuados para o Estado, ao plano de reequipamento dos Corpos de Bombeiros e à formação dos nossos bombeiros, entre outras dificuldades.
A terminar, deixou a promessa de “com o apoio de todos os amigos da nossa Associação, do nosso Comandante Jorge Martins e restantes elementos de Comando, o nosso Corpo de Bombeiros, encontrar soluções para que os Soldados da Paz, respondam cada vez mais, com maior eficácia e prontidão às solicitações da população do nosso concelho, ou para outro para o qual sejam chamados”.
Na sua intervenção, Jorge Martins, depois de elogiar a dedicação dos homens e mulheres que comanda, deixou alguns lamentos e reivindicações à tutela, queixando-se que “os bombeiros estão fartos de promessas”. O comandante figueiroense criticou a forma como foi feita a reestruturação da Autoridade Nacional de Proteção Civil e voltou a pedir que “sejam criadas carreiras para os bombeiros, seja reconhecido um comando operacional de bombeiros e lhes sejam dadas ferramentas para efetuar o que tão sabem fazer”.
Referindo-se à inauguração do monumento, Jorge Martins disse tratar-se “de uma homenagem justa e mais que merecida”, que imortaliza todos aqueles que de forma desinteressada dedicaram parte da sua vida “na salvaguarda da nossa população”. Por outro lado representa também a atenção que o Município tem dado aos bombeiros, com o comandante a elogiar o executivo municipal na pessoa do presidente Jorge Abreu: “ao longo dos seus mandatos tem feito muito por esta casa e por estes homens e mulheres, você é a prova que os Municípios são principal pilar destas Associações. Muito obrigado”.
Jorge Martins falou também sobre o futuro e o trabalho que a Associação tem feito para garantir que as fileiras da corporação se mantenham ativas e em constante rejuvenescimento. Prova disso é o projeto da escola de infantes e cadetes que, desde que foi criado em 2017, “é a grande base de recrutamento do Corpo de Bombeiros”. O comandante referiu que este ano irá começar a nova escola de estagiários e todos eles vieram da escola de infantes e cadetes; e aludiu também à iniciativa promovida recentemente e que permitiu que cerca de 45 crianças tenham vivenciado a experiência de ser bombeiro.
Na sessão, com sala cheia, intervieram ainda o presidente da Assembleia Municipal de Figueiró dos Vinhos, Carlos Silva, o Comandante Regional de Emergência e Proteção Civil do Centro, Francisco Peraboa, o vice-presidente do Conselho Executivo da Liga dos Bombeiros Portugueses, Eduardo Correia e o comandante Mário Bruno, em representação do Presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Leiria.