PUB Gobrico

Escola da Zona do Pinhal aposta em Curso Técnico/a de Proteção Civil

Marco Marques, 01 junho 2020

5 min · 239

Escola da Zona do Pinhal aposta em Curso Técnico/a de Proteção Civil
Numa região que jamais esquecerá o drama dos incêndios de 2017, a Escola Tecnológica e Profissional da Zona do Pinhal (ETPZP) ousa com a inclusão do curso de Técnico/a de Proteção Civil na sua vasta oferta formativa. António Figueira, diretor pedagógico da Escola que foi pioneira no Ensino Profissional em Portugal, fala dos projetos e aborda a adaptação da ETPZP à nova realidade causada pela pandemia, num modelo de ensino com  forte componente prática...

HORIZONTE - Quais as principais novidades da ETPZP no que respeita à oferta formativa para o próximo ano letivo?
ANTÓNIO FIGUEIRA - A grande novidade é o curso profissional de técnico/a de proteção civil. A nossa escola está autorizada a ministrar esta oferta formativa e entende tal como os nossos parceiros locais e regionais ligados à proteção civil de que se trata de uma oferta formativa de enorme relevo e importância para a região e para a proteção civil local e regional, em especial tendo em conta o flagelo dos incêndios de 2017.

Uma área onde a Escola já tem provas dadas no passado recente…
Exatamente... A ETPZP já tem uma relação estreita e de cooperação comprovada com o setor da proteção civil de toda a região, mesmo muito antes de 2017, altura em que desenvolveu e implementou (e que continua a supervisionar e coordenar) vários projetos ligados à área da videovigilância florestal, entre outros. Recordo que foi o sistema de videovigilância implementado pela ETPZP (professores da área técnica do curso profissional de informática e alunos) que registou os incêndios de 2017.
Após várias reuniões, aquilo que sentimos e que claramente nos foi comunicado por estes nossos parceiros era a necessidade de existir uma entidade de formação local / regional que pudesse não só formar, mas preparar os futuros quadros da proteção civil de que a região tanto necessita.

Quais os fatores com maior preponderância para a seleção dos cursos?
Daquilo que a experiência nos ensinou ao longo destes cerca de 31 anos de existência do ensino profissionalizante, é que hoje em dia os alunos e as famílias estão cada vez mais e melhor informadas e procuram as melhores respostas.
Sente-se que a concorrência é claramente cada vez mais forte no mercado do ensino profissional, em especial com o alargamento deste ensino a outras instituições com menor histórico comprovado.
Ano após ano, reavaliamos e reformulamos as áreas que compõem a nossa oferta ao nível do ensino profissional, tendo por base dois fatores essenciais: a procura e as necessidades do mercado de trabalho.

E tem sido um método profícuo?
A procura (número de inscrições anuais), os índices de colocação ao nível do mercado de trabalho e o “feedback” positivo dado pelas empresas com as quais mantemos protocolos para efeitos de Formação em Contexto de Trabalho (estágio profissional), são fortes indicadores de que estamos, pedagogicamente, no bom caminho.
Claramente que os alunos e as famílias procuram na nossa Escola e na nossa oferta formativa, a excelência a que lhe esteve sempre associada. Uma coisa é certa, o mercado de trabalho sofreu profundas alterações, pois, numa era global com a que se vive atualmente, as famílias e os jovens estão plenamente conscientes da necessidade de obtenção de mais e melhores qualificações escolares e profissionais.
Neste sentido, a valorização na nossa Escola é um processo continuo – atualmente a ETPZP está a finalizar o processo EQAVET (o Quadro de Referência Europeu de Garantia da Qualidade para o Ensino e a Formação Profissional) para efeitos da obtenção do selo da qualidade na sua formação profissionalizante e, simultaneamente, a obtenção da certificação da qualidade conforme à norma ISO 9001:2015.
Pelo seu histórico e implantação na Região os alunos e as famílias sabem que a ETPZP lhes pode proporcionar mais e melhores qualificações escolares e profissionais com vista à sua integração no mercado de trabalho e eventual ingresso no ensino superior – a ETPZP está completamente focada nos fatores que influenciam o bem-estar, o sucesso escolar e as ambições legitimas dos seus alunos e dos seus familiares, proporcionando-lhes o melhor ambiente escolar possível.

Que curso tem tido maior procura e qual o que representa maior taxa de empregabilidade?
Claramente temos dois cursos profissionais com maior procura e que também representam uma maior taxa de empregabilidade, que são o técnico/a de restauração (cozinha / pastelaria e restaurante / bar) e o técnico/a de manutenção industrial – mecatrónica automóvel, embora nas outras áreas (auxiliar de saúde e informática) exista também uma boa taxa de empregabilidade.

Para lá dos cursos profissionais, que outras ofertas formativas propõe e disponibiliza a ETPZP?
A ETPZP, através do seu Centro Qualifica, oferece à região outras ofertas profissionalizantes: formações modulares, educação e formação para adultos (EFAs), processos formativos RVCC (9º e 12º ano), formação e-learning, cursos de aprendizagem (em articulação com o IEFP) e, em breve, ao abrigo das parcerias com o Ensino Superior Politécnico, os cursos técnicos superiores profissionais (CTeSP).

Qual a importância da Escola para a região onde está implantada?
Criada em 1989, orgulhamo-nos de termos sido pioneiros do ensino profissional em Portugal, um subsistema de Ensino Secundário que viria a alcançar um estatuto de maioridade e que se tem imposto no panorama educacional português pela sua qualidade e resultados.
Aliás, temos dificuldade em imaginar Pedrógão Grande sem a ETPZP! Esta assume-se sem qualquer preconceito, como um pólo de desenvolvimento da nossa Região.

Como se adaptou a ETPZP à nova realidade do Ensino à Distância? Quais os principais constrangimentos para terminar o ano letivo?
A ETPZP suspendeu as aulas presenciais e substituí-as pelo ensino à distância. Este modelo obrigou a um ajustamento nos métodos de avaliação. Apesar dos esforços feitos pelos docentes em manter os métodos de avaliação, estes tiveram de ser alterados face aos meios disponíveis – a ETPZP apelou aos alunos para que “tentam-se ser mais compreensivos com os novos métodos de avaliação” e aos professores, que “procurassem ser o mais flexíveis que conseguissem”, para fazer face a uma situação nunca antes imaginada.
Além de terem que repensar toda a metodologia e estratégias de aprendizagem e de avaliação, os docentes participaram numa formação promovida pela ETPZP, de forma a adquirirem competências no uso das ferramentas disponíveis para o ensino, bem como modalidades de avaliação a distância – todas as aulas estão a ser preparadas de forma adequada às novas funcionalidades, o que representa para os docentes e para os alunos um esforço acrescido.
Ao mesmo tempo, a alternativa encontrada pela Direção foi a reformulação do plano de estudos – adiantamos as Unidades Curriculares teóricas dos anos seguintes que começaram a ser lecionadas virtualmente”.
Por outro lado, em detrimento da falta de equipamentos informáticos e internet à disposição dos nossos alunos, decidiu a Gerência adquirir os meios tecnológicos necessários para fazer face às necessidades dos alunos e desta forma não comprometer o ensino-aprendizagem à distância de nenhum dos nossos alunos.
Neste momento, para nós Escola é cedo o regresso e consideramos importante que a ETPZP continue a desenvolver os meios necessários para assegurar o ensino à distância até ao final do presente ano letivo – em tempo de isolamento social o ensino não pode esperar e é importante manter a aprendizagem junto dos alunos.

De que forma é que a pandemia pode influenciar o novo ano letivo e o sucesso de um modelo de ensino com forte componente prática?
A maioria dos cursos foi-se adaptando a este novo método de ensino, mas outros enfrentam um enorme desafio. Enquanto que uma aula teórica é facilmente lecionada através das plataformas online, Unidades Curriculares cuja componente prática é superior tornaram-se mais difíceis de orientar.
No entanto, nalguns casos alguns alunos surpreenderam pela positiva, pois, falamos de uma geração que domina as novas tecnologias e foram bastante participativos neste tipo de ensino à distância. Aliás, o ensino à distância será uma metodologia de futuro na nossa Escola, aplicando-a às várias ofertas formativas.
Num contexto sem precedentes, toda a comunidade escolar teve de se adaptar. Contudo, o regresso às rotinas é algo que começa a parecer mais próximo – todos nós aguardamos pelo tão desejado regresso presencial às aulas, sempre muito importante, especialmente na vertente prática que carateriza e valoriza este tipo de ensino.
PUB Minipreço
© 2025 Jornal Horizonte