Cinco pescadores da Associação Desportiva de Figueiró dos Vinhos não vão participar no Campeonato Nacional da 2.ª Divisão - Norte de Pesca Desportiva à Bóia, para o qual estavam classificados, em desacordo com os locais escolhidos pela Federação para a realização das provas.
Em causa está a “escolha sistemática” de pistas de pesca na região norte que leva os figueiroenses a considerar que a Federação não está a dar um “tratamento equitativo a todos os concorrentes”, favorecendo invariavelmente os atletas dos clubes mais a norte, quer desportivamente, quer em termos dos custos associados à prática desta modalidade.
A ADFV formalizou o seu protesto à Federação através da Associação das Beiras, tendo sido acompanhada nas reivindicações pelo Grupo Desportivo Lispesca, também do distrito de Leiria, o distrito mais a sul do referido campeonato.
Na missiva, os
signatários lamentam que a FPPD “continue, ano após ano, a não
cumprir com critérios de equidade em relação à marcação de
provas referentes à 2.ª Divisão Nacional Norte de Pesca à Bóia –
Água Doce”.
Referem que “integrando este campeonato
pescadores filiados com proveniência geográfica compreendida entre
Leiria e Trás-os-Montes, deveria ser este facto tido em conta e as
provas marcadas em locais que sejam o mais equidistantes possível, e
assim promovam uma competição mais justa e com menos custos
associados para os atletas”.
Ora, nos últimos anos, apenas
por uma vez (em 2022) este pressuposto foi cumprido, com o referido
campeonato a ser composto por provas em Montemor-o-Velho, Ílhavo e
Riba d’ Ave, “bem distribuídas geograficamente”, realçam.
Em
2023 as provas foram em Ílhavo, Chaves e Riba d’ Ave e em 2024 nos
mesmos locais. Os signatários referem que “nestas duas épocas os
pescadores da zona de Leiria e Coimbra fizeram em média quase 100
kms para pescar em Ílhavo, 220 kms para pescar em Riba d’ Ave e
300 kms para pescar em Chaves, estimativa só de ida. Com a
agravante, do facto das provas de sábado serem agora disputadas de
manhã, o que quase obriga os pescadores a viajar de véspera, com as
despesas daí inerentes a aumentarem”.
Após este cenário em
2023 e 2024, os pescadores reclamantes “aguardavam com expectativa
que 2025 reservasse quanto mais não fosse, pelo menos uma prova na
sua zona geográfica (Montemor, Penacova ou Choupalinho)...
Expetativas goradas com um ‘copy-past’ das duas últimas épocas
e a proposta de provas em Ílhavo, Chaves e Riba D’Ave”.
Estando inicialmente apurados para disputar o Campeonato 20 pescadores da ARNPD, 1 pescador da APTA, 2 pescadores da ARPDABL e 16 pescadores da ARBPD, os atletas não compreendem “o porquê da segunda maior associação em representatividade não ter qualquer prova em pistas de pesca do seu território, quando numa delas até se vão realizar provas da 1ª Divisão Nacional”.
Ora, em resposta a
este protesto, a Federação através da Área de Água Doce lamentou
que a exposição tenha chegado ao seu conhecimento “praticamente
no final do mês de Janeiro, quando os calendário de provas foram
publicados no mês de dezembro” e atirou responsabilidades para o
presidente da ARBPD, acusando-o de não ter marcado presença numa
reunião com as outras associações do país no final do ano passado
e por isso não ter “sugerido nenhuma alteração de forma a
defender os interesses dos seus clubes e atletas”.
A FPPD
considera que “não seria correto proceder à alteração dos
locais sem um motivo de extrema necessidade, uma vez que os
clubes/pescadores já têm assumidos compromissos com
alojamento/refeições”.
De acordo com o que apurámos, esta justificação desagradou ainda mais aos pescadores. Segundo os mesmos, conhecedores do processo, “nenhum atleta reserva alojamento ou refeição nesta altura do ano, quando falta mais de meio ano para as provas referidas” [a de Chaves está agendada para início de setembro e a de Riba D’Ave para início de outubro].