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Combatentes no Ultramar já têm monumento de homenagem em Ansião

Marco Marques, 14 outubro 2021

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Combatentes no Ultramar já têm monumento de homenagem em Ansião
Os antigos combatentes do concelho de Ansião que estiveram no Ultramar, têm um monumento em sua homenagem no centro da Vila, junto à Praça do Município. A inauguração decorreu no dia 10 de outubro, na presença de várias centenas de ex-combatentes, seus familiares e autarcas, bem como do presidente da Liga dos Combatentes, Tenente-General Joaquim Chito Rodrigues, e representantes do Núcleo de Abiúl/Pombal e do Núcleo de Leiria desta Liga.
A iniciativa partiu de representantes locais da Liga dos Combatentes e mereceu o apoio da Câmara Municipal, tendo o monumento sido criado pelo escultor ansianense Fernando Freire.
Depois de escutado o hino nacional, o Tenente-General Chito Rodrigues, relembrou “os que há 60 anos partiram, deixando as famílias para trás”, cumprindo “ordens do poder político”. O presidente da Liga dos Combatentes referiu que “não foram os militares que perderam a guerra – foram os políticos” e enalteceu o “esforço e sacrifício de todos os que lutaram pela pátria”. Considerando que “os militares deram a Portugal a Democracia”, Chito Rodrigues mostrou-se satisfeito por “finalmente o país começar a reconhecer o papel dos antigos combatentes”. Referindo-se à criação do Estatuto do Combatente – que demorou 47 anos – o presidente da Liga disse “há ainda muito por melhorar” e pediu que o poder político reveja as leis e os apoios aos antigos combatentes, denunciando que ainda existe “muito sofrimento e pensões de pobreza”. No ano que assinala o centenário da Liga dos Combatentes, Joaquim Chito Rodrigues mostrou-se satisfeito por Ansião ter reconhecido o papel dos seus antigos combatentes, juntando-se às mais de 400 localidades que perpetuam pelo país o esforço dos antigos militares, mas acentuou a necessidade de o Governo “passar do reconhecimento moral para o reconhecimento material”, voltando a pedir a melhoria dos suplementos de pensão para os ex-combatentes.
Já o presidente da autarquia, disse na sua intervenção, estarmos perante “um dia de encontro com a nossa memória e história coletiva”. “A cerimónia de homenagem que hoje aqui realizamos é um momento indelével e marcante de reconhecimento e de justiça coletiva a quem nos idos de 60 e 70 do século passado, de forma heroica e patriótica se despojou do seu futuro e partiu para a defesa de territórios desconhecidos, de cuja lembrança e conhecimento, guardavam dos ensinamentos dos bancos da escola”, acrescentou.
António José Domingues disse que o município se associou de imediato a uma “justa mas tardia homenagem”, aos homens que lutaram nas províncias ultramarinas “contra um inimigo que não era deles, pela manutenção de um império que a eles não acrescentava nada de relevante para as suas perspetivas de futuro ou na construção do seu sonho de vida”. O autarca disse que  “muitos viram roubados ou adiados parte da sua juventude e dos seus projetos de vida. (…) Alguns deles não regressaram, muitos trouxeram com eles traumas, mutilações e o coração despedaçado”.
Lembrando que “o governo do Estado Novo rejeitou a descolonização e a história não se repete”, Domingues disse ser “justa a homenagem que hoje prestamos a todos aqueles que combateram o combate da liberdade e da justiça e não apenas na guerra do Ultramar”.
No final da cerimónia e já depois de benzido o monumento e de serem depositadas duas coroas de flores em memórias dos combatentes já falecidos, receberam diplomas da Liga os netos dos ex-combatentes ansianenses Antero Costa e Armando Mendes Claro.
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